Estima-se que a prevalência de Alergia Alimentar seja de 6% a 8% em crianças menores de 3 anos e cerca de 2% a 4 % em adultos. 3
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MITOS E VERDADES NA ALERGIA ALIMENTAR
A Alergia Alimentar é caracterizada por uma reação adversa à ingestão de alimentos ou aditivos alimentares, mediada por mecanismos imunológicos. 1 Os alimentos que normalmente causam mais alergia são: leite de vaca, ovo, trigo, soja, frutos do mar, peixes, amendoim e castanhas. 2
Conheça os mitos e verdades mais comuns sobre a Alergia Alimentar:
A Alergia Alimentar pode ser herdada
Verdade. A tendência a tornar-se alérgico é herdada e, a maioria dos alérgicos têm parentes de primeiro grau (pais e/ou irmãos) com sintomas semelhantes, mas as reações alérgicas não são limitadas aos indivíduos atópicos. 4,5
Qualquer alimento pode causar alergia
Verdade. Qualquer tipo de alimento pode manifestar reações alérgicas, mas tanto o potencial alergênico intrínseco, quanto o consumo desse alimento, pode modificar a frequência das manifestações alérgicas nas diferentes faixas etárias. 6
A Alergia Alimentar é mais comum em adultos
Mito. A maioria das reações alérgicas aos alimentos manifesta-se em crianças com pouca idade. A alergia ao leite de vaca, por exemplo, afeta geralmente crianças com menos de três anos e o diagnóstico geralmente é feito antes dos dois anos (entre os 6 e os 18 meses). 7
Se o adulto ou a criança apresentarem reação a determinado alimento, eles nunca mais poderão ingeri-lo
Mito. Em alguns casos, principalmente nas crianças, a exclusão rigorosa do alimento pode promover a diminuição da alergia. O alimento deve permanecer suspenso por aproximadamente 6 meses. Após este período, o médico especialista poderá recomendar uma reintrodução do alimento e observar os sintomas. Se o indivíduo permanecer assintomático e conseguir ingerir o alimento, o mesmo pode ser liberado. Caso ocorra qualquer sintoma, a dieta de eliminação pode ser mantida. A presença de reação alérgica grave, como a anafilaxia ao amendoim, contraindica esta reintrodução. Nos pacientes altamente sensibilizados, a presença de quantidades mínimas do alimento pode desencadear reação de extrema gravidade. 8 Por isso, é necessário manter o acompanhamento médico e seguir as orientações dos profissionais que o acompanham.
Não existe nenhum meio de se prevenir a Alergia Alimentar
Verdade. Não existe um medicamento específico para prevenir a Alergia Alimentar, porém, algumas orientações devem ser seguidas para os recém-nascidos de pais ou irmãos alérgicos. O estímulo ao aleitamento materno no primeiro ano de vida é fundamental, bem como a introdução tardia dos alimentos sólidos potencialmente provocadores de alergia. Recomenda-se a introdução dos alimentos sólidos após o 6º mês de vida, o leite de vaca após 1 ano de idade, ovos aos 2 anos e amendoim e nozes, somente após o 3º ano de vida. Uma vez diagnosticada a Alergia Alimentar, são utilizados medicamentos específicos para o tratamento dos sintomas e crises. 8
Quem tem Alergia Alimentar conviverá com ela para sempre
Mito. Não são todas as pessoas que conviverão com a alergia a vida inteira. A alergia ao leite de vaca e ao ovo é mais comum na infância, com manifestações clínicas variadas que podem comprometer o estado nutricional da criança. No entanto, a maioria evolui para a tolerância ao longo do crescimento. Já os frutos do mar e o amendoim são alergias mais severas que tendem a se prolongar por toda a vida. 9
Consumir pequenas porções do alimento não faz mal
Mito. Para alguém com Alergia Alimentar, mesmo um pouco de alérgeno pode desencadear uma reação grave. Você deve seguir as orientações passadas pelo médico ou nutricionista sobre a segurança ou não de ingerir o alimento.
Evitar a contaminação cruzada entre um alimento seguro e o alérgeno alimentar é tão importante quanto evitar o próprio alérgeno. A contaminação cruzada ocorre quando um alimento entra em contato com outro e transferem, não intencionalmente, suas partículas. Por exemplo: quando a faca usada para espalhar a pasta de amendoim, não é devidamente limpa antes de ser usada para espalhar a geleia. Os restos de pasta de amendoim que ficaram na faca, podem causar uma reação em uma pessoa com alergia ao amendoim. 10 Ela também pode acontecer durante o processo de fabricação. Por exemplo, o alimento não alérgico passa por uma máquina onde foram fabricados alimentos alérgicos (leite, amendoim, glúten, entre outros). Embora se higienize o equipamento, sobram resquícios da produção anterior, contaminando, involuntariamente, o outro produto. 11 A comida que antes era segura, agora é perigosa para as pessoas com Alergia Alimentar.
O amendoim é a Alergia Alimentar mais "perigosa"
Mito. Nenhuma Alergia Alimentar representa uma ameaça maior que a outra, isso varia de pessoa para pessoa. Embora alimentos como: leite, ovo, amendoim, nozes, soja, trigo, peixe e marisco sejam responsáveis pela grande maioria das Alergias Alimentares, praticamente qualquer alimento pode causar uma reação alérgica e, mesmo uma quantidade muito pequena do alimento em questão é suficiente para causar uma reação alérgica. 10
Alergia e intolerância são sinônimas
Mito. A Alergia Alimentar é uma reação imunológica, que ocorre após a ingestão ou contato com um determinado alimento. Já a intolerância, o organismo não consegue digerir completamente algum grupo alimentar e, como consequência, são produzidas substâncias que o organismo reconhece como estranhas, causando uma reação de sensibilidade alimentar. 12
Às vezes, os sintomas da Alergia Alimentar que parecem pequenos no início podem piorar em uma emergência médica. Se você notar um agravamento dos sintomas ou tiver dificuldade em respirar, procure ajuda imediatamente.
A Alergia Alimentar é uma reação séria e que não deve ser autodiagnosticada. Ela precisa ser diagnosticada por um médico especialista e acompanhada por um nutricionista, para a prevenção de crises.
Referências
- Chapman JA, Bernstein IL, Lee RE, Oppenheimer J. Food allergy: a practice parameter. Ann Allergy Asthma Immunol. 2006;96(3 Suppl 2):S1-68.
- Nowakg-Wergrzyn A, Sampson HA. Adverse reactions to food. Med Clin North Am. 2006;90(1):97-127.
- Souza F, Castro A, Jacob C. Alergia Alimentar. In: Rullo VEV, Roxo-Junior P, Vilela MMS. Atualização em Alergia e Imunologia Pediátrica: da evidência à prática. São Paulo: Atheneu; 2016. p159-172.
- Crooner S. Prediction and detection of allergy development: Influence of genetic and environmental factors. J. Pediatr. 1992;121:S58-63.
- Van Arsdl P, Larson E. Diagnostic tests for patients with suspected allergic disease - Utility and limitations. Ann Intern Med. 1989;110:304-312.
- Moneret-Vautrim, S. Food Antigens and Additives. J. Allergy Clin Immunol. 1986;78(5):1039-1046.
- Bricks LF. Adverse Food Reactions in Childhood. Food Intolerance and Food Allergy - An Update. Pediatria 1994: 16(4):176-185.
- Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia – ASBAI. Alergia Alimentar. Disponível em: http://asbai.org.br/alergia-alimentar/
- Ramos R, Lyra N, Oliveira C. Alergia Alimentar: reações e métodos diagnósticos. J Manag Prim Health Care 2013; 4(2):54-63.
- Food Allergy Research & Education. Mitos e Conceitos errados sobre a Alergia Alimentar. Disponível em: https://www.foodallergy.org/life-with-food-allergies/food-allergy-101/food-allergy-myths-and-misconceptions
- Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Cartilha da Alergia Alimentar; 2014.
- Beyruti M. Diferença entre Alergia e Intolerância Alimentar. Brazil Health; 2017. Disponível em: http://www.brazilhealth.com/Visualizar/Artigo/144/Diferenca-entre-Alergia-e-Intolerancia-Alimentar?AspxAutoDetectCookieSupport=1
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