,

A Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer estima que o mundo tenha registrado mais de 18 milhões de novos casos de câncer em 2018. No Brasil, a estimativa para o número de casos novos foi de 582.590. 1

O câncer é considerado uma doença multicausal crônica que se caracteriza pelo crescimento descontrolado, rápido e invasivo de células com alteração em seu material genético. Também é definido como uma doença catabólica, pois consome as reservas nutricionais do corpo devido ao aumento do gasto energético pela atividade de defesa do organismo. 2

Os pacientes oncológicos costumam apresentar distúrbios nutricionais, como a perda de peso associada à anorexia (perda espontânea e não intencional de apetite, resultante de alterações metabólicas ou do paladar e olfato). A desnutrição grave acompanhada de anorexia e astenia (perda ou diminuição da força física) é denominada caquexia.3

Já a síndrome clínica caracterizada pela perda progressiva e generalizada de força e massa muscular é chamada de sarcopenia.4

Caquexia x Sarcopenia

A caquexia é uma condição que causa extrema perda de peso e perda de massa muscular (com perda ou não de massa gorda). 5

A degradação dos músculos para fornecer energia ao corpo é uma das alterações metabólicas frequentemente observadas na caquexia. Essa degradação pode causar: 3

  • Diminuição no volume de um músculo;
  • Atrofia de órgãos viscerais;
  • Fraqueza progressiva dos músculos;
  • Hipoalbuminemia (deficiência de albumina).

Embora seja frequente em idosos, a sarcopenia pode ocorrer em indivíduos de qualquer faixa etária. Sendo causada por ingestão de proteínas, má absorção intestinal, distúrbios gastrintestinais, uso de alguns medicamentos, anorexia ou ainda em consequência de determinadas doenças, entre as quais se destaca o câncer, particularmente em sua fase avançada. 6

A condição pode causar alterações estruturais como: 7

  • Perda de massa e força muscular;
  • Músculos frágeis e mobilidade reduzida;

A diminuição da massa proteica e atrofia esquelética, predispõem o paciente com câncer ao risco no reparo inadequado de feridas, aumentam a susceptibilidade a infecções e levam à fraqueza e diminuição da capacidade funcional.  3

 

Objetivos da terapia nutricional

O estado nutricional influencia diretamente nos resultados do tratamento oncológico. Por isso, a terapia nutricional tem como objetivo prevenir a desnutrição, melhorar a qualidade de vida do paciente, reduzir o número de complicações provenientes dos tratamentos e prevenir a interrupção deles. 8Os ácidos eicosapentaenoicos (EPA), um ácido graxo essencial poli-insaturado pertencente à família dos ácidos graxos ômega, presentes nos peixes ricos em gordura e no óleo de peixe, têm impacto no câncer. Eles podem inibir a formação do câncer, retardar o crescimento de tumores e aumentar a eficácia da radioterapia.  9

Uma ingestão proteica adequada, quer seja por suplementação, quer seja via alimentar é capaz de elevar as concentrações de aminoácidos, causando uma estimulação da síntese de proteínas musculares.10,11, Aconselha-se uma ingestão diária de proteína de 1.2-1.5g/ kg de forma a prevenir perdas musculares, valor superior à atual recomendação para adultos de 0.8g/ kg/ dia. 12

A terapia nutricional pode ser realizada por via oral, enteral e parenteral, dependendo do estado em que o paciente se encontra e o ideal é que seja iniciada logo após o diagnóstico oncológico.

Tipos de terapias 13

Terapia oral: A terapia nutricional oral consiste na administração de nutrientes por meio de suplementos nutricionais prontos para o uso, via oral.

Terapia enteral: A terapia nutricional enteral consiste na administração de nutrientes pelo trato gastrointestinal, através de um tubo, sondas ou ostomias, localizadas no tubo digestivo.  É utilizada quando o paciente não pode ou não deve se alimentar por via oral ou quando a ingestão oral é insuficiente.

Terapia parenteral: A terapia nutricional parenteral acontece pela veia, quando o trato gastrointestinal está indisponível ou quando a necessidade nutricional não pode ser atendida de forma completa pelo trato gastrointestinal (via oral/enteral).

As dietas imunomoduladoras

Fórmulas enterais hiperproteicas e com nutrientes com atividade imunomoduladora, como: arginina, ácidos graxos ômega-3 e nucleotídeos têm sido associadas à redução de complicações pós-operatórias e no tempo de internação hospitalar.14 Isso porque: 15

  • Arginina: atua na reparação tecidual e resposta imunológica; 
  • Ácidos graxos n-3: melhoram a resposta inflamatória e imunológica; 
  • Nucleotídeos: essenciais para a rápida proliferação tecidual e imunidade celular. 
  • Proteína: importante na reparação do tecido e melhora do sistema imunológico, além de contribuir para a prevenção de perda de massa muscular.

A terapia nutricional no tratamento do câncer diminui os efeitos prejudiciais da doença, previne e trata a desnutrição, melhorando a resposta imunológica terapêutica, aumentando a sobrevida do paciente. 16

Consulte um profissional da saúde para informações adicionais. 

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RECUPERE O APETITE

O apetite pode ser melhorado com exercícios regulares e pelo habito de alimentar-se em um ambiente tranquilo e confortável. Refeições menores, porém com altos teores de proteínas e calorias ingeridas a cada duas horas são preferíveis, ao tradicional esquema de 3 refeições maiores. Pequenas quantidades de alimentos podem ser preparadas com antecedência e armazenadas de modo que estejam prontas e disponíveis quando o paciente tiver fome.


1- http://www.cancer.gov/cancertopics/pdq/supportivecare/nutrition/HealthProfessional/page4.

 Acessado em Dezembro de 2014

COMO CONTROLAR A NÁUSEA E O VÔMITO

COMO CONTROLAR A NÁUSEA E O VÔMITO

Os principais efeitos colaterais do tratamento do câncer são a náusea e o vômito.* Apesar da prescrição de certos medicamentos, comer antes do tratamento (ao invés de depois) e comer alimentos de fácil digestão em vez de alimentos pesados podem também ajudar. Alimentos que causam náuseas, tais como aqueles gordurosos ou com forte odor, devem ser evitados, bem como ambientes muito quentes ou com o odor da preparação de alimentos.1, 2


1-. http://www.cancer.gov/cancertopics/pdq/supportivecare/nausea/HealthProfessional/page6

Acessado em Dezembro de 2014

2- http://www.cancer.gov/cancertopics/pdq/supportivecare/nutrition/HealthProfessional/page4

Acessado em Dezembro de 2014

* A lista de sintomas não está completa, podendo variar de acordo com o paciente.

Dicas

COMO DIMINUIR O DESCONFORTO GASTROINTESTINAL

A diarréia é comum em pacientes com Cancer. * Para evitar desidratação e desequilíbrios minerais, o paciente deve tentar beber bastante líquidos, de preferência à temperatura ambiente ( pelo menos um copo de líquido após cada fezes soltas), evitar alimentos gorduroso e com teor elevado de fibras (por exemplo: repolho) e também alimentos flatulentos (por exemplo: ervilhas e goma de mascar ). Quanto para bebidas , a cafeína, o leite e refrigerante, devem ser evitados.


1- http://www.cancer.gov/cancertopics/pdq/supportivecare/nutrition/HealthProfessional/page4.

Acessado em Dezembro de 2014

* A lista de sintomas não está completa, podendo variar de acordo com o paciente.

Referencias bibliográficas
1.. INCA [Home page na internet]. Brasil consolidado[ Acesso em  30 de agosto de 2019]. Disponível em: http://www1.inca.gov.br/estimativa/2018/casos-brasil-consolidado.asp2.Nascimento F, et al. A importância do acompanhamento nutricional no tratamento e na prevenção do câncer. Ciências Biológicas e de Saúde Unit. 2015;2(3):11-24.3.Silva M. Síndrome da anorexia-caquexia em portadores de câncer. Revista Brasileira de Cancerologia. 2006;52(1):59-77.4.Queiroz M, et al. Associação entre Sarcopenia, Estado Nutricional e Qualidade de Vida em Pacientes com Câncer Avançado em Cuidados Paliativos. Revista Brasileira de Cancerologia. 2018;64(1):69-75.5.Fearon K, et al. Definition and classification of cancer cachexia: An international consensus. Lancet Oncol. 2011;12:489-495.6.Collins J, et al. Association of sarcopenia and observed physical performance with attainment of multidisciplinary team planned treatment in non-small cell lung cancer: an observational study protocol. BMC Cancer. 2015;15(544):1-6.7.Nair KS. Aging Muscle. Am J Clin Nutr. 2005;81:953-963.8.Oliveira TA. A importância do acompanhamento nutricional para pacientes com câncer. Prática Hospitalar. 2007;51(9):150-154.9.Carmo M , Correia M.A Importância dos Ácidos Graxos Ômega-3 no Câncer. Revista Brasileira de Cancerologia 2009; 55(3): 279-287.10.Paddon-Jones D, et al. Exogenous amino acids stimulate human muscle anabolism without interfering with the response to mixed meal ingestion. Am J Physiol Endocrinol Metab. 2005;4(51-4):E761-E767.11.Volpi E, et al. Exogenous amino acids stimulate net muscle protein synthesis in the elderly. J Clin Invest.  1998;9:2000-2007.12.Morley JE. Sarcopenia: Diagnosis and treatment. J Nutr Health Aging. 2008;7:452-456.13.Carvalho A, et al. Protocolo de terapia nutricional enteral e parenteral da comissão de suporte nutricional. Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, 2014.14.Klek S, et al. The impact of immunostimulating nutrition on infectious complications after upper gastrointestinal surgery: a prospective, randomized, clinical trial. Ann Surg. 2008;248(2):212-20.15.Gómez M, et al. Evaluación de la terapia nutricional perioperatoria en pacientes con neoplasia del tracto gastrointestinal superior. Nutr. Hosp. 2011;26(5):1073-1080.16.Muscaritoli M, et al. Nutritional and Metabolic support in patients undergoing done marrow transplantation. Am J Clinic Nutri. 2002;75:183-190
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